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Vejo a minha volta pessoas muito preocupadas em “ganhar a vida”, mas ouvir essa expressão sempre envolve ocupar todo o tempo no trabalho, mesmo aquele tempo não disponível  é utilizado com diversos compromissos inadiáveis e urgentes.

 Pena que ganhar a vida, na visão das pessoas tem esse sentido, quando na verdade essa expressão deveria estar relacionado com viver bem,  e tentar fazê-lo da melhor forma possível. Dar valor as coisas pequenas, aquelas que são tão importantes, mas que ninguém tem tempo a dedicar-se.

 Não sou a favor de que uma pessoa deixe de trabalhar, afinal, é indispensável para ter uma vida minimamente confortável, mas há coisas na vida que são infinitamente mais importantes do que ter dinheiro para comprar coisas fúteis e inúteis.

As vezes, viver de forma mais simples a favor de estar mais tempo com seus filhos por exemplo, dar-lhes a atenção necessária para que possam tornar-se bons seres humanos, é algo que a longo prazo tem muito mais valor do que batalhar durante todo o tempo para comprar-lhe o brinquedo caro que tanto gostaria, provavelmente por ter a ilusão de que aquele objeto irá preencher o buraco feito pela solidão e falta de atenção em que está inserido.

Como disse Lya Luft: “A vida há de rolar por cima da gente, reduzindo a poeirinha inútil quem se esquecer de às vezes parar para pensar...mas sem se desmontar; olhar em torno ou para dentro: paisagens belas, ou áridas, ou quem sabe coloridas...e escutar a música do universo, o canto do sabiá, a risada da crianças, enfim, o chamado da vida que nos convoca de mil formas: anda, sai do marasmo, vive”.   

Janaina N. Soares

Pensamentos

Quando o ser humano se sente amedrontado e vazio surge a sensação de isolamento, levando-o a procurar proximidade com outras pessoas. Isso ocorre porque sua primeira experiência está ligada ao relacionamento com seus semelhantes. O homem depende do outro para sobreviver durante a infância, além disso, é através desses primeiros contatos que adquire recursos para se orientar na vida. Por esse motivo, o fato de sentir-se só, muitas vezes, torna-se  assustador. (MAY, 1982).

A aceitação social é muito valorizada pela sociedade. Estar imerso no meio social é indispensável para se obter êxito, é garantia de que a pessoa é estimada, o que acarretará em seu sucesso nos diversos campos da vida. Aí está o grande temor diante da solidão: ser vista pela sociedade como alguém triste. Quando alguém manifesta o desejo de ficar só, logo é associado a uma pessoa adoecida ou que fracassou de alguma maneira.  

“O medo de estar só deriva, em grande parte, da ansiedade de perder a consciência de si mesmo...”. (MAY, 1982, P.28). 

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Parte do texto: A solidão e as relações sociais. 

 

A arte como expressão

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Na psicologia, o processo psicoterapêutico se dá normalmente por meio da expressão verbal, porém, muitas pessoas procuram uma ajuda psicológica para aliviar suas dores e sofrimentos e  não conseguem se expressar de forma completa por meio verbal, as palavras saídas de seus pensamentos não dizem o que realmente sentem, isso acontece provavelmente porque seus sentimentos são dolorosos ou difíceis demais para que sejam colocados para fora com simples palavras. Por vezes a dor vai muito além do que se pode dizer, e nem mesmo quem a sente é capaz de traduzi-la para o mundo.

Quando busquei minha formação em Arteterapia o fiz justamente por entender, através de minha própria experiência, que deveria haver formas menos doloridas para lidar com questões psicológicas. Não é preciso ter tantas habilidades artísticas para se expressar através da arte,  a simplicidade de uma obra feita por alguém que nunca tocou em um pincel pode despertar muitos sentimentos. Não é algo a ser avaliado ou julgado, a obra na expressão através da arte é algo único, individual, que exprime o mais intimo de nosso ser, que nos leva a lugares de nossa alma onde o acesso por palavra é quase impossível.  O contato com as cores, com o material moldável, com recortes e sucatas, tudo isso leva rumo ao nosso interior, e quando terminado o processo de criação, feio ou bonito, com forma ou sem forma, lá estará concretizado um sentimento que antes era obscuro e secreto, até mesmo para quem o sentia.

Psicóloga Janaina N. Soares

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